SARDOAL Partido Socialista

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18 julho, 2007

Carta do Vereador Fernando Morais ao Presidente da Câmara do Sardoal, apresentada em sessão de Câmara de 18 de Julho de 2007


Senhor Presidente da Câmara



Costumava questionar-me sobre o que levava um Presidente de Câmara a ter como seu Chefe de Gabinete um animador cultural, que não perfilha a sua ideologia política (julgo mesmo que juntas poderão ser explosivas), ser alguém que manifesta alguma aversão às novas tecnologias (ao que consta) e com uma actividade laboral sintetizada na responsabilidade pela elaboração do Boletim Municipal, bimestral, animador de festas ou eventos e, nos últimos tempos, membro da Comissão de Gestão do Cento Cultural.

Este pensamento já o havia revelado durante a reunião do Executivo Municipal em 8 de Novembro de 2006.

Na altura cheguei mesmo a equacionar a hipótese de que o Senhor Presidente poderia encontrar-se refém dessa pessoa. Tinha de haver razões muito fortes para que um animador cultural, com uma actividade laboral tão reduzida, justificasse ser seu Chefe de Gabinete e, com isso, merecer a retribuição financeira que o cargo determina.

Quem tem a responsabilidade de gerir um Município que desde há alguns anos se encontra numa encruzilhada, pela ausência de empregos, sem dinâmica, com dívidas a fornecedores a anos, com dificuldades em responder às suas obrigações, nos mais variados domínios, desde o Ambiente até à definição de Estratégias que visem o seu Desenvolvimento, passando pelo próprio adiar de respostas aos pedidos efectuados pelos seus Munícipes, que são obrigados a esperar meses pela ligação de ramais domiciliários de águas ou esgotos ou limpeza das suas fossas sépticas, após o pagamento desses mesmos serviços, tem, obrigatoriamente, de definir uma estratégia.

E a sua estratégia foi simples. Deixar que o tempo, por si só resolva todos esses problemas e colocar do seu lado, alguém que é portador do vício de dizer mal de tudo e de todos, só porque não pensam nem agem da mesma forma que ele, do que ter de o “aturar” com os seus dislates impregnados de uma linguagem de baixo nível.

A estatura de um político avalia-se pela coragem que ele tem de ouvir os outros e decidir. Que dizer quando ele opta por não querer ouvir, pelo simples facto de não saber, não querer saber ou ter medo de saber por não saber como agir?

A opção, como diz o povo, foi juntar o útil ao agradável. Amordaçou a voz que o poderia incomodar, ao mesmo tempo que passou a usá-la em seu favor próprio.

Só assim se compreende a sua postura, qual Pilatos, diante dos insultos proferidos pelo seu Chefe de Gabinete a Autarcas eleitos pelos Munícipes do seu Concelho.

Confrontado com a denúncia desses insultos, respondeu nunca ter visto nada no comportamento do seu Chefe de Gabinete que pusesse em causa quer o Presidente da Câmara, quer o seu Gabinete de Apoio. Mais referiu que, enquanto cidadão, o Senhor Mário Jorge Sousa era livre de expressar as suas opiniões. Há que reconhecer que tal explicação foi eloquente!

Aproveito esta oportunidade para lhe solicitar um esclarecimento a uma dúvida que me acompanha desde então. Qual é o horário de trabalho do seu Chefe de Gabinete para que todos possamos saber se, quando escreve ou fala, o faz na qualidade de cidadão ou na qualidade de político que o cargo lhe confere?

Se dúvidas houvessem sobre a tal estratégia adoptada, quer o seu comportamento quer o do seu Chefe de Gabinete, são esclarecedores.

Saiba, no entanto, que tal estratégia não tem trazido quaisquer resultados práticos para o seu e nosso Concelho, e que não servem mais do que disfarçar as profundas dificuldades que ele atravessa, sem fim à vista.

Gostaria de lhe pedir para ser portador de uma mensagem ao seu Chefe de Gabinete. Se lhe peço para ser portador é porque, que eu saiba, o Senhor é Presidente da Câmara Municipal de Sardoal 24 horas por dia, e o seu Chefe de Gabinete também o será por certo durante aquele período.

Será que quem ocupa um cargo político em exclusividade, e tratando de assuntos políticos, poderá dizer que quando fala às segundas, quartas e sextas-feiras o faz na qualidade de político e nos restantes dias como cidadão?

É claro que não. Quer queira, quer não queira, o Senhor Presidente e o seu Chefe de Gabinete estão umbilicalmente ligados. Não é possível dissociar-se as acções do Senhor Sousa, às acções do seu Chefe de Gabinete, logo o Senhor torna-se, também, co-responsável pelos seus actos, sempre que o assunto for político. E será que não têm sido?


Peço-lhe, então, que diga ao Senhor Sousa que, se ele pensa que as suas crónicas de mal dizer, polvilhadas de ódios incontidos e insultos à minha pessoa, resultantes do facto de recear o dia seguinte após deixar de ser seu Chefe de Gabinete, podem condicionar a minha acção política, está redondamente enganado. Elas têm um efeito contrário aos fins projectados.

Particularmente, as palavras escritas ou faladas por ele, divertem-me. Entendo-as como uma peça de uma comédia, durante a qual nos rimos e no fim aplaudimos. Como a peça teatral ainda não terminou, vou-me sorrindo ou dando gargalhadas a algumas passagens nas quais eu sou visado.

Sobre este último acto diga-lhe que me provocou uma sonora gargalhada.

Diga-lhe também que, na qualidade de membro do Executivo Municipal do Sardoal, aprovo por inteiro a sua intenção de dar a conhecer a sua carta ao público em geral e em especial junto dos seus colegas, conquanto tenha a coragem de juntar à sua carta o excerto da Acta da Reunião do Executivo Municipal de 4 de Julho de 2007, sob o título “Concurso para Admissão de Pessoal”, bem como o documento que eu li e que constitui o anexo número catorze barra dois mil e sete; esta própria carta; e se não for pedir muito, que a todos nos informe, em especialmente aos seus colegas, qual é, efectivamente, o seu horário de trabalho.

Muito obrigado

Sardoal, 18 de Julho de 2007

O Vereador

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Fernando José da Silva Morais